quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Expedicionários da Saúde - Maturacá

Fui antes com mais três "logísticos", novamente os 85 km de terra e barro pela BR 307 e muitas horas de Voadeira, um dia de viagem. 
Maturacá é um conjunto de 4 aldeias Yanomami, a Missão Salesiana e uma base do exercito com uma pista de pouso. É por lá que se vai ao Pico da Neblina. A equipe de montagem finalizou as construções de apoio, como os galpões de telhados de palha e banheiros, logo começaram a chegar os aviões da FAB com a carga, um por dia. Conforme chegavam as inúmeras caixas eram separadas e equipamentos instalados.
Os centros cirúrgicos foram montados dentro do ginásio de esportes da Missão, consultórios e enfermarias nas salas de aula da escola. Em poucos dias um hospital estava pronto!
E chegam! Os médicos e técnicos voluntários da EDS; os enfermeiros e agentes de saúde do serviço de saúde indígena e também os primeiros pacientes, estes vem com acompanhantes. Facilmente podemos calcular que haviam mais de 500 pessoas circulando por lá diariamente, todos sendo alimentados... Os pacientes eram trazidos e levados de avião, barco e até de Black Hawk, o famoso helicóptero; vinham, eram operados e voltavam para as aldeias em 3 dias.
Uma semana: 345 cirurgias entre oftálmicas,gerais e odontológicas ; mais de 1400 consultas.
Bom, termina... Os Yanomami nos ofereceram uma festa de despedida, muito bonita.Mais 6 dias desmontando tudo e embarcando nos KASA, os cargueiros da FAB.
Saiba mais sobre a EDS em www.eds.org.br , fotos no Face: Expedicionários da Saúde 















Expedicionários da Saúde - Preparativos

Já havia visto o site, tinha uma ideia de algo assim como uns Médicos Sem Fronteira dentro das nossas fronteiras. E tropecei com eles! Em São Gabriel da Cachoeira.
Primeiro com um grupo que estava numa viagem preparatória, Diretores e logísticos; reuniões com oficiais do exercito e depois eles iam até o local da 33ª expedição : Maturacá, Terra indígena Yanomami. Houve o convite para participar, e topei! Iria como "ajudante geral", carregar caixas, montar barracas, puxar fios, o que precisasse e ou soubesse.
Os preparativos para uma expedição, começam bem antes da semana de atendimentos e cirurgias. São feitas viagens ás comunidades na região a ser atendida e triados os potenciais pacientes. Catarata e hérnia são problemas sérios para os índios, estas cirurgias não tem pós operatório complicado e são as mais realizadas nesses mutirões.
Algumas dessas viagens de triagem foram feitas pelo Fabio e eu o acompanhei em uma delas, nosso destino eram as aldeias de Inambú e Ayarí, na bacia do rio Cauaburi. (+- 00º10'N , 66º10'W). No caminho passaríamos por Nazaré.
O caminho começa em São Gabriel, de camionete 4x4 pela BR-307, ou o que sobrou dela, até o Km 85. A estrada cruza com um igarapé e por ele que continuamos de voadeira, uma lancha de alumínio com motor de popa. Os rios serpenteiam entre a mata, trechos calmos e trechos com fortes corredeiras; o piloto, Yanomami, conhece todas as pedras, bancos de areia e troncos, desviamos de centenas de obstáculos com precisão.

Nazaré já é quase uma vila ribeirinha, a influencia da cultura branca é visível, principalmente nos itens de consumo agora presentes como salgadinhos e refrigerantes. Inambú é a que me pareceu mais sustentável, caça boa, peixe farto, roças produzindo e arvores frutíferas. Dormimos lá, dia seguinte,mais horas de voadeira, e chegamos em Ayarí, esta era nova, seus moradores haviam mudado para lá cerca de um ano antes. As casas entre os tocos queimados, roças ainda não produziam, e a dependência do Bolsa Família era enorme.