Esta eu poderia chamar de a capital das nações indígenas
no Brasil, 90% da população do enorme município são índios e seus descendentes.
Faço a citação aos descendentes pois encontrei os mesmos costumes, hábitos,
consumos e etc de qualquer outra cidade brasileira.
Como diz o nome, há a cachoeira, são duas fortes
corredeiras que dividem o rio. Na parte de baixo, fica a praia, com um pequeno
movimento de barcos, basicamente das comunidades do outro lado do rio. Toda a
carga que abastece o município é descarregada em Camanaus e vem de caminhão (22
km) para a cidade.
Na parte de cima fica o porto, eufemismo para descrever
uma simples margem, de onde partem muito barcos para todo o alto rio Negro e
afluentes. Este que é o acesso para a Cabeça do Cachorro e as agitada
fronteiras com a Colômbia e Venezuela.
Estradas? Além dos 22 km até o Aeroporto de Uaupés e
Camanaus , sobraram 100 km de terra da estrada que ia até Cucuí, via hoje
retomada pela mata.
Estou aqui já quase um mês e como estamos ancorados na
Praia, compulsoriamente escuto os shows e festas que são realizados na praça.
Quadrilha em Junho e Show para marcar o Dia Mundial do Rock. Aos finais de dia
Zumba para movimentar as esportistas ou som dos bares em qualquer dia.
A cachoeira (duas), são, espetáculos a parte:
A de baixo, linha de pedras que agora na cheia, cria
grandes ondas estáticas - Ondas estáticas?? - sim, ondas de mais de metro,
continuamente no mesmo lugar. Com muito motor, barcos conseguem subir pelo
cantinho, contornando grandes pedras.
A de cima, chamada de Fortaleza, pois a cidade nasceu de
um forte sobre a pedra que domina a passagem, agora na cheia não mostra pedras,
mas a garganta tem um par de enormes redemoinhos que tragam os pequenos barcos
que se perderem por lá. A passagem é espremida na margem oposta.
A cidade é muito tranquila. Pequenos detalhes me chamaram
a atenção: Os taxis fazem lotação e andam com uma cópia da chave espetada na
fechadura do porta malas, de forma que os passageiros mesmo abrem e colocam
seus volumes; ou que podemos comprar uma motosserra no camelô...
Um transito pacifico embora sem respeito ao pedestre, mas
sem vítimas... Aqui quem faz vítimas é o álcool, é o aditivo que no choque
cultural com a cultura excludente do branco leva os índios ao consumo sem
limites e aos muitos suicídios.
Do branco temos muito presente o Exercito e as igrejas,
estas com seu papel mais reduzido hoje e substituída pelos órgãos como FUNAI ou
DISEI.
Outra presença que não pode deixar de ser citada é o ISA
- Instituto Sócio Ambiental ( www.socioambiental.org ), com seu extenso
trabalho na preservação da cultura indígena e sua integração ao mundo atual. A
Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro é outra das entidades que
representam os Índios. ( www.foirn.org.br )