terça-feira, 26 de maio de 2009

Zarpando para Mindelo




Mindelo é uma das cidades do arquipélago do Cabo Verde, não é a capital, que é Praia. Não teve jeito, de tão ao sul de Portugal e de frente para a África, que é considerado um país africano...Até o cabo que dá o nome fica no Senegal. Foi Português de 1460 até 1975, agora é independente. Um mercado latente para produtos brasileiros, que alguns empresários do ramo de confecção de Fortaleza já descobriram.
Existe um material interessante na Wikipédia:
pt.wikipedia.org/wiki/Mindelo



No barco são efetuados os últimos preparativos: são colocadas capas protetoras na “casaria”, que feita em madeira e com muitos vidros bisotados e detalhes, teria seu acabamento deteriorado com o constante borrifo da água do mar; revisões e reapertos. Em terra efetuamos as ultimas compras, nos desvencilhamos da burocracia da saída na Polícia Federal, e acertamos os pagamentos de diversos serviços como o translado do óleo diesel e o aluguel do buggy.
Daria para fazer uma lista enorme de pessoas que nos ajudaram, orientaram, receberam, como exemplo o casal Rodolfo e Catarina do Arte & Sabor, que resolveram diversas coisas para nós.
A próxima “perna” da viagem tem cerca de 1350 milhas, é muito incerta quanto ao rendimento, pois atravessaremos a chamada Zona Intertropical, calmarias ou ventos incertos, chuvas momentâneas fazem com que as previsões sejam “chutes”. Átila tem sua estratégia delineada, diariamente ele consulta sites metereológicos e estuda a direção dos ventos. Daqui a uns dez dias comento sobre o que aconteceu.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

O buggy e o Diesel
















Andar de buggy é um esporte de aventura, dos perigosos! Não é uma mera opinião minha, são as estatísticas da ilha, nas mesmas estatísticas não há registro de ataque de tubarão, e tem muito por aqui!
Mas aventurando-se neste veiculo barulhento e de trajetória incerta fomos a Praia do Sancho, a proposta era mergulhar, mas chegamos lá com a maré baixa e o mar fica agitado e com pouca visibilidade, o que nos padrões da ilha quer dizer vários metros; era possível observar vários peixes diferentes. Fiquei pouco na água, não me sinto muito seguro com a mistura ondas e pedras.
Uma ducha na cachoeira do Sancho, esta só existe em tempo de chuvas. Perto de nós estacas do projeto Tamar marcam locais de desova de tartaruga.

Abastecimento
Hoje passamos o dia abastecendo a barco com óleo Diesel, colocar 2300 litros já é uma operação demorada num posto, fazer isto transportando do posto ao porto, lá transferir para um barco de pesca e deste para o nosso, foi uma operação de dia inteiro. Várias pancadas de chuva para atrapalhar, mas feito sem acidentes ou vazamentos.
Para coroar o dia tivemos a bordo a Repórter da TV Golfinho, a emissora local, que fez uma matéria sobre o barco e seus tripulantes.

domingo, 24 de maio de 2009

Bike 2







Uma “flash-pedalada” e vim conhecer as praias do Sancho e dos Porcos, os porcos podem ser os preás ou primos destes, que vi de dúzia. As praias são lindas, ou melhor, a praia do Sancho já que a dos Porcos é mais um point de mergulho, quando a maré está cheia. Uma trilha interliga as duas, diz a placa 1 km, mas deve ser o km-turistico,usado nos parques, aquele que conta a ida e a volta (vide Ilha Grande). Fica o meu protesto com relação a essa trilha, interditada, os maiores obstáculos eram as ridículas porteiras com cadeados e uma armadilha com arame farpado perto do chão. A placa com os dizeres: “Placa original em manutenção” fecha com chave de ouro a inqualquercoisa que é a administração de parques no Brasil.
A fauna também não é a mesma, a passagem de um grande e ruidoso bando de Micos Denamão Lata Dourada, mostra que a presença humana é mal absorvida.
De lá também se faz a trilha ao observatório de golfinhos, no alto do penhasco sobre a baia dos Golfinhos, lá há outro posto do Projeto Golfinho Rotator. Na baia não se pode descer, nem acessar de barco.
Outra derivação da BR, já é na baia do Sueste, lá passei pelo Açude do Xaréu, a reserva de água da ilha, fui até o Mirante das Caracas e à praia do Leão, muita lama pelo caminho, tentei ir ao Forte do Sueste, porém o caminho está fechado de mato. Do Mirante das Caracas a visão do mar batendo nos platôs é incrível. Estes platôs são constituídos pelas rochas vulcânicas agregadas por corais, tornando-os mais resistentes a erosão das ondas.
Voltei ao porto e ao barco, o proprietário retornou ao continente. Estamos com um buggy alugado, e com ele fomos para a noite Noronhense, não era tarde quando os rapazes da tripulação preferiram voltar ao barco e dormir.
Nesses poucos dias conhecemos diversas pessoas. O morador é muito receptivo e temos sido muito bem atendidos, se há falta de algum item pelo remoto do local, isso é compensado pelo tratamento nos dispensado.

Quilometros







Estou de Bike! Já estive em um monte de locais interessantes, visitei as ruínas da Fortaleza da Vila dos Remédios, nadei na praia do Meio, estive duas vezes no Porto de Santo Antonio, fui até a Baia do Sueste, dei uma rápida passada pela usina de separação do lixo e compostagem, procurei um caixa automático no aeroporto, estive na Vila dos Trinta, num rapaz que tem algumas peças de Bicicleta na Floresta Nova, estive no Correio na V ila dos Remédios, assisti a palestra no Projeto Tamar, passei na pousada para um banho e tentei conexão de internet no Bosque dos Flamboyants, tudo isso depois das 11:30 quando terminei dar uma ajeitada na Bike.
Por incrível que pareça, não vi mais NINGUEM de bicicleta! ”Assuntando por aqui e ali” a melhor explicação é que aqui se dá carona! Conforme escutei: -Quem não dá carona é turista...
A Fortaleza da Vila dos Remédios, edificada em 1737 me leva a contar um pouco sobre a história da ilha, descoberta logo após a Terra de Vera Cruz, o primeiro naufrágio ocorreu em 1506, nas “Pedras Secas” que segundo ouvi é um dos melhores points de mergulho, não o naufrágio, do qual não deve restar um cravo, mas o local em si.
Parece que foi apoio no transporte de Pau Brasil. Foi invadida pelos holandeses, e estes expulsos pelos portugueses em 1629, a ocupação dos portugueses se firmou no sec 18. Já na republica foi presídio civil e depois político no tempo do Estado Novo. A maior devastação da vegetação ocorreu a partir de 1916 quando o governador de Pernambuco transformou o presídio em Penitenciária Agrícola e estabelecendo o trabalho obrigatório... Durante a Segunda Guerra, construíram o primeiro cais, para desembarque dos canhões de 185mm, sobras da Primeira Guerra, sucatas que ficaram e estão espalhadas por diversos gramados. Os Americanos ficaram por aqui novamente, quando era importante ficar “rastreando mísseis” entre 1957 e 1965, nesta época construíram diversos daqueles barracões com formato de meio cilindro deitado, muitos usados até hoje. A ilha ficou sob jurisdição federal no tempo do regime militar e mais recentemente voltou a ser distrito de Pernambuco, hoje tem algo entre 3000 a 4000 habitantes.
Voltando a fortaleza, de lá se avista ao Palácio de Governo, a Igreja, dois canhões daqueles, o Bar do Cachorro, famoso pelo agito noturno; as praias do Cachorro e do Meio; o Pico; o porto, bom em resumo, vê-se metade da ilha. Comparando, Ilhabela tem dimensões continentais. Do alto dos 45 metros de altitude também observam-se Golfinhos e Mabuias. Com um potente binóculo apoiado num tripé biólogas e estagiários do Projeto Golfinho Rotator ficam a esquadrinhar o mar, observando, contando e até protegendo os golfinhos. A proteção é feita pela presença, no porto as restrições as embarcações estão explicitas em placas e é divulgada a presença de “observadores do Ibama”.
E as Mabuias? Bem, as mabuias são estes simpáticos lagartinhos que existem por todos os lados na ilha, sem medo, deixam que se chegue perto. Do convívio com o homem moderno, já aprenderam a esmiuçar mochilas e são atraídas pelo som do pacote de bolacha.
As informações “técnicas”, foram me contadas pelas simpáticas biólogas do projeto dos golfinhos : Isabel e Patrícia, enquanto observavam o mar, contaram detalhes sobre a bela vida de Noronha. São poucas as espécies por aqui, algumas endêmicas como as mabuias.
A BR 363 é a menos longa rodovia federal brasileira, tem sete quilômetros, é como em Ilhabela, ir da balsa até o iate clube. Atravessa a Ilha de Fernando de Noronha em diagonal, interligando quase tudo de importante. Do porto ao aeroporto, do banco ao mercado, o asfalto é bom e todo o percurso tem ao lado um passeio que serve como ciclovia, (dando-se preferência aos pedestres), Começa no Porto de Santo António e termina na Baia de Sueste que é importante para o desembarque da esquadra portuguesa que expulsa os holandeses e para abrigar os barcos quando há uma ressaca muito forte vinda do norte. A linha de ônibus faz este percurso, do porto ao “estepe”, custa 3,10 (por 7 km – bom, por aqui tudo é caro!).

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Milhas, nós e kilometros




Tenho mencionado medidas de distâncias e velocidades na nomenclatura náutica, para muitos é comum e usual, mas imagino que posso estar sendo “hermético” para outros. A Milha Marítima mede 1,86 km, é uma medida de origem inglesa. O Nó é uma milha por hora, então equivale a 1,86 km/h. Conta a lenda que para medir a velocidade de um barco, jogava-se um balde com uma corda amarrada na alça, esta corda tinha nós feitos em distâncias tais que media-se um tempo e os nós que passavam. Daí o termo Nó para velocidade.
Feitas as conversões percebe-se que quando vanglorio-me de termos feito 200 milhas num dia ou atingido a velocidade de 10 nós, fizemos 372 kilometros ou andado a 18,6 km/h, para quem é acostumado a viajar de carro é muito pouco, é mesmo; mas o consolo é que na água, o carro andaria muito menos...
De Ilhabela a Salvador foram 1000 milhas, de Salvador até aqui em Fernando de Noronha foram outras 700 milhas. A nossa próxima escala prevista, em Mindelo, no Arquipélago de Cabo Verde serão umas 1350 milhas, vai depender do que encontrar-mos de vento. O vento, e este tem estado imprevisível! Ancorados aqui somos surpreendidos por rajadas vindas de direções diversas, porém nada do usual vento Sudeste, normal da ilha. Mas isto fica para semana que vem! Deveremos seguir viagem no meio dela, até lá vamos conhecer Fernando de Noronha.
Ontem registramos a nossa entrada na Policia Federal, (e antes de seguir teremos que registrar nossa saída), negociamos a forma de abastecer o barco, que é uma complexa operação de transporte de tambores de 200 litros, de camionete e de barquinho, mangueiras e bombas.
Ficarei em terra durante a estada do proprietário e seus convidados, e já negociei o aluguel de uma bicicleta ...agora serão kilometros.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Fernando de Noronha!




Noronha à vista! segunda-feira
No horizonte agora aparecem quatro massas, duas coisas compridas, um pico e outra coisa menor, já é o quarto dia de navegação, mantivemos uma boa média de pouco mais de 200 milhas por dia. O segundo dia foi o que mais pulamos e balançamos de toda a viagem, nada se faz a bordo numa situação destas, quem não está de turno fica deitado. Depois o vento firmou e nos traz até Noronha inclinados para bombordo (esquerda). No barco não temos esquerda e direita, é bombordo e boreste. Conforme meu amigo Zé Paulo, é fácil lembrar: tudo o que é de esquerda é bom...
Deste trecho vou fazer um resumo, com exceção de umas poucas horas em que o vento era forte para apenas velejar-mos e por sinal fazer 9 nós; o resto do tempo todo estamos com o motor funcionando a 1200 rpm, a razão de manter uma rotação única é obter dados exatos de consumo. Em situações de bom vento chegamos a ter picos de 10 nós e mesmo períodos longos com médias de 9,5.
Nas profundas águas, cujo tom de azul é único, deixamos arrastadas atrás do barco as linhas do “corrico”, anteontem fomos presenteados com um grande Dourado, este já nos rendeu um sashimi e uma muqueca, hoje será um assado. A rotina de bordo tem sido mais desanimada, provavelmente ainda seqüelas do sacodimento de três dias atrás.
Fernando de Noronha! terça-feira
Ancoramos defronte ao Porto de Santo Antonio, daqui temos visão do Morro do Pico, de um dos fortes que circundam a ilha, a água límpida permite ver o fundo a 15 m. a primeira ida à terra foi para registrar nossa chegada, aqui tudo é controlado, normalmente pelo controle ecológico e suas taxas e agora também há o medo da gripe Suína. Paga-se 146,00 por dia pelo barco e mais 24,00 por cabeça/dia, de taxa ambiental. Hoje estamos limpando o barco, (estamos é relativo, este trabalho é corriqueiro para a tripulação e pouco consigo ajudar), o proprietário virá passar alguns dias a bordo, e o barco transmuta de veleiro de travessia para um luxuoso day sailing. O único desconforto é a marola, esta é oceânica! Tudo fica caindo.
Noronha está bonita! Verde! Normalmente é seca e sopra um forte vento, este ano tem chovido muito e venta pouco. Conversávamos com o Leonardo do restaurante Tubarão e ele fala do clima atípico, águas muito mais quentes e outras diferenças. Durante uma forte chuva de raios, o gerador eólico da ilha foi atingido e destruído, a torre com apenas duas pás é prova incontestável, noutra semana uma quantidade enorme de lixo (plásticos) deu nas praias da ilha, vindo do continente, lixo velho, com cracas e limo; o mar cuspiu de volta ao homem.
Internet existe mas é difícil, G3 não completa a conexão (nem para os ilhéus), Estou na Lan house do Bosque dos Flamboiants, aqui conectar por rede é por dia! e 28,00 sem choro!

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Salvador em 480x640







Mais algumas horas em Salvador, compras de mercado demoradas, burocracia na PF e outros atrasos fizeram que resolvemos sair amanhã cedo. Aproveitei a ida à PF para voltar a pé e caminhar pelo centro de Salvador. Muito antiga e muito mal conservada, a quantidade de ruínas assusta. O centro de Belém é assim também, muitos prédios são apenas a parede frontal, o resto desabou, aqui em Salvador reparei em diversos prédios escorados com perfis metálicos, até o prédio do Corpo de Bombeiros. Quem que interditaria o prédio de quem deve interditar...As vezes surge algo novo, um prédio ou uma marina...
O Mercado Modelo mereceu uma passada pelo seu interior.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Preparativos para a travessia







Os preparativos nos ocupam bastante, como turista em Salvador só fiquei algumas horas na tarde de segunda-feira, uma caminhada no Pelourinho e só. Não é longe da marina, mas o caminho é desaconselhável de noite. Quando andei por lá havia deixado o celular no barco, não havíamos programado este momento e daí não tenho fotos. Raul tem algumas e delas escolherei alguma para o blog. Sempre temos visitas de conhecidos do Átila, geralmente pessoas ligadas à vela. Reencontrei depois de 17 anos minha exprimacunhada que mora aqui desde este tempo, legal ver-la, e bem.
Nossa próxima escala será Fernando de Noronha, ficaremos uns poucos dias lá, e provavelmente depois disso iremos fazer a travessia até Cabo Verde juntos com outro barco, um iate de 70 pés, para minha surpresa nossas velocidades de cruzeiro são +- iguais. Estive a bordo deste barco hoje, muito bonito, moderno. Um casal o comanda, ele é o capitão e ela cuida do serviço e etcteras, tem mais tripulantes.
Boa parte do dia foi ocupado com questões eletrônicas. Configurar o AIS, que é um transponder, (similar ao que há nos aviões), foi um trabalho de horas de preparativos com cabos seriais, conversores, laptops, para uma configuração de 5 minutos. Valeu o aprendizado!O pessoal foi fazer as compras de abastecimento da despensa, acabei ficando para receber o um fornecedor e por isso tenho alguns minutos para escrever. Amanhã devemos abastecer de tarde e seguir viagem.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Ao trabalho marujos!




A escala em Salvador já tinha prevista uma série de manutenções periódicas e preventivas para encarar a travessia, aqui iremos trocar filtros e óleos dos motores , geradores, dessalinizador; no meu departamento, tenho uma série de concertos nos mastros a executar, sobras da Ilha e o acréscimo da viagem, sempre surge algum piripac num barco. Ontem a noite tínhamos um cabo de alimentação fumegando num dos quadros. Mal contato resultado de tanto chacoalho, faz parte, hoje iremos comprar vários materiais elétrico e procurarei terminais com dois parafusos...
O domingo foi ocupado com o barco, atracar-lo na marina foi uma novela, o ritmo bahiano é, digamos, interessante... a quantidade de: “não dá não, porque...” ”tudo bem, dá prá fazer,mas tem que pedir autorização”é incrível! Depois de horas conseguimos encostar o barco, a manobra em si não levou meia hora, quando fomos ligar o barco na energia de cais descobrimos que os pontos são para barcos pequenos, não suporta o nosso consumo. Mas nem tudo são problemas, a água deu certo.
Uma rápida limpada no barco e a arrumação da bagunça da viagem, acabou com o resto do dia, fomos jantar com alguns amigos do Átila, que morava aqui até o ano passado, foi ótimo, são um grupo de velejadores que se empenha em manter a tradição dos saveiros e seus tradicionais “armadores” os – Saveiristas- já reconhecidos como Patrimônio Vivo da Bahia.Os Saveiros são barcos a vela de carga, típicos do Reconcavo, fizeram parte importante da economia e da vida das pessoas daqui, hoje existem cerca de 22 navegando. Barcos muito bons de navegação, absolutamente artesanais e segundo estes apaixonados que conheci ontem, os saveiristas são professores da arte de navegar e de vida. Hoje esta arte em extinção tem sua ultima pá de cal jogada pelo Ibama que os proíbe de extrair a madeira para os barcos. Realmente, para construir um barco de 18 ton várias arvores vão, o mastro é um tronco de Sucupira-açu de 20 m., a quilha é uma tora de Oiti, mas o aproveitamento da madeira é preocupação de um construtor de saveiros, muitas das peças curvas são feitas a partir de galhos, sem cortar a arvore. O estaleiro é no mangue, só se trabalha na maré baixa. Os mastros ficam anos enterrados no mangue para curtir a madeira. Vejam o blog:
www.saveirodabahia.blogspot.com , é do Átila, que sempre tem alguma carta na manga.

sábado, 9 de maio de 2009

Em Salvador

Mar bem agitado nas ultimas milhas, chuva perto, do lado, na frente, mas poucos pingos em nós, porém o rebuliço lembrava um brinquedo de parque de diversões, era um “barco Wiking”que balançava para frente, para trás e para os lados. Entrar na Baia de Todos os Santos sempre é emocionante! Muitos navios ancorados esperando sua vez nos portos (5). A grande igreja bem na entrada da baia tem suas paredes alinhadas com o banco de areia da entrada. Diversas construções da época colonial tem correlações com a navegação.
Não nos foi possível atracar na marina, ficaremos esta noite ancorados em frente a ela, avisto o forte, o Mercado Modelo, o Elevador Lacerda. Duas construções são iluminadas freericamente com luzes coloridas, lilázes, verdes, laranjas... bom é Bahia...

se vc achou entediante, imagine dias seguidos!

Quase lá


Sábado, 9 de maio de 2009 (08:00)
Fazendo pão
Não posso fugir do clichê, também vou contar que fiz pão, ontem não acertei com a temperatura do forno. Hoje estamos chacoalhando tanto que até o fermento está enjoado.
Nós mesmos já estamos acostumando, desde Guarapari estamos com o vento “apopado”, andamos bem, sempre acima de 7 nós. A parada em Abrólhos não aconteceu, o vento não firmou em leste e com vento sul ficaria complicado abrigar um barco grande lá. Seguimos direto e agora estamos a 90 milhas de Salvador.
Ontem pela tarde, um pequeno pássaro migratório nos usou para um descanso, irrequieto, pousava e voava, seguiu conosco vários minutos. Estávamos cerca de 30 milhas da costa.

Navegando a costa bahiana


Quinta feira, 7 de maio 12:30
Dia maravilhoso, zarpamos sem pressa de Guarapari e estamos navegando a 8 – 9 nós, vento de popa, motor a 1100 rpm, apenas 3 velas abertas.
Passamos por muitos navios ancorados fora do porto de Vitória e rumo a Abrólhos, pelos cálculos do “super computador navegador” Rayteon, devemos chegar no arquipélago amanhã de manhã bem cedo.
Depois de alguns dias de convivência sou obrigado a elogiar a tripulação, há entrosamento, camaradagem, prestatividade. A tripulação é de 4 pessoas, o barco é montado para esse numero, a cabine de tripulantes tem 4 camas, ou deveria dizer: o armário de tripulantes tem 4 prateleiras...É muito apertado! Sou o quinto passageiro! Durante a viagem ocupamos o salão do barco, dorme-se aleatoriamente em bancos ou no chão, sem lugar ou hora fixa
O comandante é o Átila Bohm, (tem um blog dele no blogspot), um gaucho que passou boa parte da vida velejando pelas águas atlânticas, alguns dias atrás ele me alcançou na idade, (por enquanto fica assim). Um jeito tranqüilo e conhecedor da arte de liderar uma equipe, conhece esta costa como poucos, de forma que sinto-me tentado a criar uma seção no blog chamada: Dicas do Átila. Exemplo: Muito pouco ao norte de Guarapari existem 3 ilhas, chamadas de Três ilhas, o local é ótimo para mergulho.
O imediato é o Luciano, da ponta do mastro ao anodo da quilha você acha o cara cuidando pessoalmente! De quebra ainda trás a bordo o peixe do almoço! Nada acontece a bordo sem o conhecimento dele.
01:30
O rendimento da viagem hoje foi Record, estamos a 45 milhas de Abrólhos, o vento que nos empurrou de popa agora de noite virou um pouco para leste, ainda bem, pois Abrólhos com vento sul não é legal, a água fica suja, - dica do Átila –
Na tripulação temos o Raul, o caçula da turma, suas funções são mais as internas do barco, a copa, a arrumação. E o quarto é o Carlinhos, tem minha idade, marinheiro, tranquilo e ponderado, se esgueira nos apertados vãos do barco e de lá sai com a peça necessária.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Pão de Açucar - segunda 4/5

Posted by Picasa

Escala em Guarapari


Quarta 6/5 04:00
São Tomé nos mandou um vento daqueles, precisamente contra, e forte. O barco corcoveia e não obedece, ziguezagueamos e chacoalhamos, nossa velocidade é de 5 a 6 nós, mas em direção a Abrólhos avançamos a 3 nós.
Algo aconteceu no sistema de água doce e perdemos toda a água, sumiram uns 700 litros, se estourou alguma mangueira ou outro componente e a água foi ao porão, as bombas automáticas a escoaram. Impossível de se localizar o problema chacoalhando deste jeito.
O barco tem um potente dessalinizador, sem água não ficaremos.
11:00
Uma membrana de um vaso sanitário rompida e a água foi para o tanque de água séptica, de lá automaticamente bombada para o mar... Novamente o Luciano resolveu e garantiu nosso conforto.
O vento mudou e diminuiu, mas a nossa velocidade é baixa (5 nós), pelo menos estamos mais no rumo. O tempo continua ótimo, faz sol (e lua), se estamos molhados é do borrifo, há cristais de sal em tudo do convés.
13:00
Decisão nova: escala em Garapari!
Ficar brigando com o vento não compensa.
19:40
Jantamos e não estamos balançando! sequer desceremos à terra, seguiremos de madrugada, a previsão é de que o vento será mais fraco pela manhã,

Terça feira 5 de maio


Terça, 20:00
O vento tem sido contra desde que saímos da Ilha, não sei se ele “do contra” nos acompanha ou se nosso destino é navegar contra ele e o contorno da costa nos segue...
Acabamos de contornar o Cabo de São Tomé e lá está ele de novo, de frente! O jeito é continuar dando bordos, agora mais longos. Na região do Cabo Frio fizemos vários bordos curtos, aproveitando e se esgueirando entre a costa, as ilhas e fugindo da correnteza e do mar mais grosso das águas mais fundas.
Na copa há um pratinho com finas fatias de gengibre, ficar na proa ou fazer alguma atividade interna tal como escrever no computador logo trás um enjoozinho, mais para uns, menos para outros, temos apenas uma “baixa” a bordo.
O enjôo é causado pela “discrepância” entre o sinal do labirinto e o sinal dos olhos, o teu “mundo” visual vai para um lado e os teus “giroscópios ”do ouvido dizem que você balança para outro, uma coisa é certeza: balança, chacoalha... Gengibre minimiza o enjôo, vai ver que é por isso que os navegadores queriam tanto chegar na Índia.
O astral a bordo é excelente, os turnos agora se alternam aleatoriamente, sempre com bom humor. Fomos presenteados com uma bela cavala, pescada pelo Luciano, no “corrico” que é deixar uma linha comprida sendo puxada atrás do barco. Uma delícia de almoço!
Estou de “turno”, alterno olhadas no radar com frases e parágrafos com saídas ao convés, a fraca luz no horizonte bem a nossa proa não tem correspondência na tela do aparelho eletrônico. Quatro toques num botão do piloto automático nos deixarão a uma distância segura de algum corajoso pescador a 18 milhas da costa.
Na foto o Lu, cuidando do nosso rumo.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

turno de vigilia




A unica coisa que o barco não faz sózinho é regular as velas e desviar dos pesqueiros.


As primeiras fazem pouco com o vento que temos desde a ilha, estamos com o motor e apenas duas velas, fazemos uma média de 6 nós. Agora os pesqueiros... acabo de tomar um susto com um, percebi que não é bom confiar apenas no radar...

Próxima escala: Salvador


Domingo 02:30
O destino é Espanha, sairemos da Ilha subiremos a costa até Salvador, depois Fernando de Noronha, Cabo Verde e Barcelona. O barco é um veleiro de 105 pés, podemos içar até 7 velas, 6 para orça e um balão grande e vermelho! É uma senhora de 85 anos, passou por uma reforma radical e hoje é moderno e muito prático, a tripulação para esta travessia será de 5 pessoas.

Domingo 18:32
Zarpamos! Abastecemos e saímos as 16:30, Victor me acompanhou até o clube e foi conosco até o posto flutuante, despedidas doem.
Tudo amarrado e guardado, acabamos de fazer uma reunião para divisão dos turnos, serão de uma hora para cada um. Meu próximo horário será as 22:00. Tudo funcionando no barco.
A rota é uma linha reta até Cabo Frio, Cabo de São Tomé e Abrolhos, daí Salvador.

Segunda 13:39
Estamos passando pelo Rio de Janeiro, e perto!

sábado, 2 de maio de 2009

Zarpamos amanhã


Esta véspera está sendo como um dia comum, desde cedo correndo e caçando leões, bom ... gatinhos! neste momento (21:14) estou esperando o inicio do Show do Celso Sim, no Pés no Chão, farei a luz. Já fiz na verdade, agora só irei acender e apagar...
a foto é do ensaio, uma hora atrás.