Visitar e conhecer o Estaleiro Escola era o maior motivo para vir a São Luís. Chegando lá, a surpresa: Atividades suspensas! Foi um choque, o projeto é um modelo de preservação de conhecimento e escola profissionalizante para dezenas de jovens.
Entrando em contato com Luiz Phelipe Andrès, o coordenador do projeto, tive autorização para conhecer as instalações da escola e agendamos uma conversa para o dia seguinte.
O estaleiro escola está instalado no Sítio Tamancão, uma antiga beneficiadora de arroz, movida pelas marés! Isso mesmo, pelas marés. A amplitude das marés aqui chega até 7 m , a água era represada e movia as máquinas... simples, mas, sobravam apenas ruínas. Agora o conjunto é restaurado e abriga: salas de aulas, salas de exposição, biblioteca, sala de informática, auditório, além das oficinas e galpões. Da antiga roda d’agua sobrou um eixo com uma enorme cremalheira, fica visível e aqui aparece no plano de fundo de uma das fotos.
Barcos em processo de restauro nos galpões e miniaturas para estudo dos desenhos nas oficinas esperam a continuidade dos trabalhos.
Conversar com o Luiz Phelipe foi um prazer e uma tristeza. Conhecer pessoalmente a pessoa que coordenou um dos mais completos trabalhos de registro de um conhecimento nunca escrito. O levantamento de todos os tipos de embarcações da região, congregar artesões e mestres para não deixar esse conhecimento se perder. E criar uma escola para transmitir tudo isso. Foi uma honra.
A tristeza é ver o descaso do estado para com tudo isso: as gerações passadas com seu conhecimento e as futuras com a falta de acesso a informação.
A luta de Luiz agora é retomar as atividades do estaleiro, além da formação profissional de jovens o local era um “centro de referencia” na comunidade, uma enorme região muito carente. Haviam atividades com as crianças e cursos fora da área náutica, como reciclagem.
Foram duas horas de conversa riquíssima que o Luiz nos proporcionou e foi pouco para tudo que ele poderia nos contar: além do estaleiro, ele coordenou a revitalização do centro histórico. Aquilo que hoje é restaurado é trabalho dessa iniciativa, agora também interrompida.
O livro “Embarcações do Maranhão” é um resumo desse levantamento, mais do que técnico, é um livro de arte. Belas fotos e desenhos.
Sítio Tamancão |
modelos e ao fundo a engrenagem |
depois da Rio Eco, o IBAMA apreendeu várias embarcações de pescadores |